Todos os dias me rodeio de náufragos – também eu escolhi ser uma. Sim, escolhi, porque nós, esses de Letras, somos náufragos por escolha.

Todos os dias me rodeio de náufragos – também eu escolhi ser uma. Sim, escolhi, porque nós, esses de Letras, somos náufragos por escolha.
O medo da morte nos impele a viver. Sejam por registros fotográficos, por vídeos ou escritos. A falta de manutenção de ter o que já passou nos causa medo e espanto, melhor ser romântico para ao passado retornar.
O que podemos dizer desses judeus portugueses, que no início do século XVI já se queriam espetros do passado? Onde estão eles? Onde estão as pessoas que habitavam as judiarias das cidades de Portugal? Onde estão os sobreviventes do genocídio? Estão entre nós. Somos nós. Sou eu também, de alguma forma longínqua.
«Uma vida assim é um crime e um pecado»1. Diz o sonhador de Noites Brancas quando aparentemente é honesto comNástenka (e pela primeira vez consigo mesmo) na segunda noite.
O silêncio assolava o meu quarto alvo e deslavado. Estranhei a ausência de som a uma hora daquelas, mas aproveitei o pouco tempo de sossego a que tive direito. Foi um silêncio de pouca dura. Principiou-se uma discussão acesa no corredor e os gritos invadiram quarto adentro. Saí para ver o que se passava.
Este amor é casto. No íntimo dele está uma brasa
e a imortalidade das almas.
Este amor é posto à prova, com suas
candeias e sendas luminosas.