Carta de Ano Novo, por Guilherme Berjano Valente

Texto de Guilherme Berjano Valente. Revisão da Equipa de OFL. Imagem: imagem genérica.

1/ 1/ 2023

Hoje volto ao princípio; não venho sozinho: em cada braço, os meus pais; em minhas mãos, os meus irmãos; nos lábios, um só beijo; na mente, a minha avó, o meu pai, os meus manos, um ser humano, a minha mãe.

Hoje, regresso sem regressar, sem saber por onde vou andar: gostava de estagnar e de sentir um só momento a perdurar.

Hoje, retomo a minha condenação: o devir do corpo; o meu regenera-se bem; o dos meus manos também; o dos meus pais parece-me forte, salvo, são, para durar; o da minha avó deve ser um tanque que não foi reformado. Sei que nada é perene, mas parece-me e, por isto, fico contente e alegre.

Face estrelada, há uma ano que já não te digo nada; hoje recordo-te: não és minha nem de ninguém, a não ser da memória produzida neste papel. Gostava de te dizer que sou algo novo, ou que me superei numa área maravilhosa, mas estar-te-ia a mentir, pois continuo uma criança imberbe, com teorias sobre tudo, com olhos invertidos e um gosto por comer que só vai cessar quando eu cessar.

Face estrelada, sinto-te sempre próxima de mim, mas só hoje te posso falar: tenho outros para amar. A ti, ofereço-te estes dez minutos, uma vez por ano, durante a noite. Espero que não sintas inveja ou ciúmes: tenho outros, aqui, para cuidar.

Tu, face estrelada, recorda-te sempre que cada meteorito é, nas tuas bochechas, mais uma sarda,

Ainda te amo,

O teu sorriso

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