Samael e Lilith, Ícaro Uriel

[Revisto por Mariana Antão]

Samael e Lilith

Sou o calor a brisa que te escalpela.

Sou a fina flor que te empala.

A chama que não se apaga.

Um rubi colorido com o sangue que escorreu de tua exposta víscera amarga.

O perfume de morte que ainda exala.

Rubra rosa que atiça tua libido que até tua razão se cala.

A mão mórbida que te afaga.

Rainha das poluções noturnas que, de desejo, te afoga.

Sou teu ainda quente cadáver.

Fui, sou na Terra a tentação dos homens.

Num caixão solitário a ser velado.

Levo-te ao paraíso, mortal amado.

Sou a noite do ser.

Danço sobre teu cadáver.

O anjo da morte que te deixa amedrontado.

Pobre filho de Adão de caráter mal formado.

Sou o que tu foste.

Arrancarei tua cabeça num certeiro corte.

O apetite dos vermes que devoram teu corpo putrefato.

Devorarei tua carne me trará um prazer divinamente nefasto.

A tua falta de sorte.

Senhora Lupina de garra forte.

O gozo do carrasco ao degolar-te com grandes olhos gratos.

Bela mulher, fera indomada ao quebrar todos os seus ossos – pobres ratos.

Sou teu castigo, pobre amigo.

Sou a consequência de tuas ações.

Sou o veneno divino, pobre amigo.

Sou a serpente que te expulsará do paraíso, condenando-te ao inferno de perdições.

Não acasalarás sobre mim, podre amigo.

Condeno-te por tuas perdições.

Minha vulva tem espinhos que deceparão teu órgão, pobre amigo.

E em teu órgão causarei dolorosas lacerações.

Um brinde a tua agonizante morte.

Humanidade – Ad æternum meu gado de corte!

Sou o lado escuro da lua da morte.

Equídina – mãe de íncubos e súcubos, a primeira mulher – Senhora Dona da Morte!