[Revisto por Márcia Marto]
Se te fustigaram a vida toda
é porque foste submisso aos interesses dominantes
e nesta breve existência, no intervalo entre o primeiro e último choro,
há que haver uma centelha cor âmbar dentro de nós sempre
de que a escuridão se quer apoderar: tire-se dos girassóis o exemplo.
Aqui não importa uma revolução de massas,
não! As mais importantes reviravoltas da História
acontecem individualmente,
pouco a pouco,
com a febre da mudança se vai contagiando os outros.
Imagine-se que alguém decidiu ser a personificação da mudança
e, de repente, começou a espalhar
um vírus tão letal que chegou até aos confins da terra,
atingindo as vísceras de todos os seres com complacência:
chamar-se-ia a pandemia do amor, altruísmo e compaixão
(uma utopia, pois claro).
Agora, meu amigo, se não fores atrás daquilo
que ainda te faz os olhos brilhar, o sorriso curvar,
estarás a sepultar-te em vida e não julgues que
terás direito a algum abalo telúrico ou crisântemos
(só quem vive depois da morte merece flores).
Tudo continuará igual – surgirá apenas nas lajes do chão
erva daninha, porque deixaste de te regar.
Húmus só de húmus serás composto.
Sem diligência há indolência e escolhendo a morte em vida
tomas uma decisão que cabe
na palma de um aperto de mão…
A quem o queres dar? Conhecer Deus ou o diabo
é uma escolha que só depende de ti.