Artes
Selecção de Ana Sérgio e João N.S. Almeida.
Apresentamos aqui uma selecção muito restrita, nada antológica e, como tanta coisa neste dossier, anárquica, pessoal e impessoal ao mesmo tempo, e sem ambições de rigor nem de sistematização, de aspectos do erótico representados na arte. Não seguimos nenhum critério sequer histórico, aproveitámos simplesmente o mote da diversidade que nos tem acompanhado neste projecto.































Mas queremos apenas destacar duas obras, por cortesia. A primeira é a inevitável menção ao mestre renascentista que foi inigualável a representar certas particularidades do erótico: Gian Lorenzo Bernini. Evitando a menção à sua obra mais famosa neste aspecto, o Êxtase de Santa Tereza, retratada mais no final da galeria, onde a santa surge representada com um esgar de erotismo perante a iluminação religiosa, apontamos antes um pormenor da obra Rapto de Proserpina, na primeira fotografia. Notamos também a tradição de pintar ou esculpir cenas famosas de “raptos” da antiguidade, em que uma figura masculina se assenhora da feminina, e que pertence seguramente a eras em que mecanismos primários da interacção sexual eram representados sem estridência mas com honestidade. A segunda está relacionada com o enormíssimo mestre Caravaggio, rei do chiaroscuro renascentista, cujas obras contém, segundo se diz, fortes laivos de homoerotismo. Em homenagem aos pólos opostos que constituem o nexo da relação sexual, apresentamos o pormenor de uma obra não do mestre mas sim do seu rival, Giovanni Baglione, que denota o eros divino saindo vitorioso sobre o eros terreno, este com o rosto do primeiro pintor. Um breve artigo generalista sobre algo do assunto aqui.