Culinária
Texto de João N.S. Almeida.
A comida tem uma ligação estranha com a prática erótica: por um lado muito próxima, por outro muito distante. Se por um lado, lembrando a sua distância, não é costume alguém estar empenhado em atividades eróticas ao mesmo tempo que come uma sandes (excepto uma personagem da série Seinfeld, George Constanza, famosamente, ter uma vez equacionado tal junção de prazeres), ao mesmo tempo refeições parecem ser refeições faustosas estimulantes parecem ser muitas vezes prelúdio para diálogo sexuais. Além do mais, a culinária envolve muitas vezes a confecção de carne animal, o que só aumenta o interesse dos paralelos aqui dispostos. Deixamos aqui uma série de fotografias que divisam como o aspecto da forma visual, tão importante para o erotismo, neste caso se liga diretamente aos estímulos nas nossas células palatais.








Entre algumas das citações possíveis, no mundo da arte, que podemos encontrar sobre esta relação — e saltando, para já, O banquete de Platão —, optamos pelo cinema: recomendamos A Festa de Babette, de 1989; Delicatessen, de Marc Caro e Jean-Pierre Jeunet; Os Canibais, de Manoel de Oliveira; e La grande abbuffata, de Marco Ferreri, com Marcello Mastroianni, Michel Piccoli, entre outros, que retrata um grupo de amigos que pretende comer até morrer.



