Texto de Marta Gondar. Revisão de João N.S. Almeida.
I. Pôr do sol
A violência do vento não permite observar
o teu corpo esmagado pela passagem do tempo
E se ele tudo leva
e nada traz de volta,
quero voar com ele por um momento.
II. Crepúsculo
No flagelo da vida
as sombras que transportamos
aproximam-se de nós,
tentando encurtar o caminho da morte.
A faca escorre sangue nas tuas costas,
enquanto o pesado barulho da sombra avança.
“Vem connosco”
E eu fui,
Alguma vez voltarei?
III. Há luz na rua
Sonho em ser o candeeiro
que ilumina o teu rosto,
queimando a tua pele.
Terei em mim
tudo o que preciso
para esta noite
estar menos sozinho.
IV. Horas mortas
Não perguntes se de mim
retirarei o demónio
que pretendes ter a certeza que existe
Se eu olho para ti,
Todos os dias.
V. Madrugada
Os olhos rapidamente se moviam
perante o Ritmado cinema do cérebro
que reproduzia o trailer da minha vida
Descontinuado
Barulhento
Rápido
Saí antes de iniciar o filme
Nunca me Lembrei de mais nada
Apenas do cheiro nauseabundo a loucura
sonando nos passos firmes da tua sombra.
VI. Até Amanhã
Estou a escrever,
com sono.
Só posso escrever quando assim estou
Corpo que raramente resiste às duras palavras
Que dentro de mim tomam vida
Com sono,
todas as emoções se tornam
água límpida e fresca
que por mim corre
E se me falasses agora,
rebentaria no mais belo devaneio poético
que só o sono
pode revelar.