EDIÇÃO 87: Eça de Queirós

Capa: Catarina Alexandre

Editorial Nº 87

Sebastião Viana

Caros leitores;

Com esta edição temática sobre um dos nossos escritores favoritos, Eça de Queirós, terminamos a edição dupla 86/87, agradecendo desde já pela grande variedade de textos e pensamentos que nos fizeram chegar, permitindo uma edição verdadeiramente única em que num único mês se homenagearam duas grandes figuras da literatura universal.

​Como muito já terá sido dito na edição 86 acerca de Dostoievsky, façamos, por ora, uma resenha do percurso de Eça de Queirós e das razões que nos levaram a presenteá-lo no seu dia de anos, neste ano em específico.

​Eça de Queirós nasce filho natural de José Maria Almeida Teixeira de Queiroz e Carolina Augusta Pereira de Eça, a 25 de novembro de 1845 na Póvoa de Varzim. Entra na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1861, onde convive com Antero de Quental, sendo profundamente influenciado por ele. Entre 1866 e 1867 publica as suas primeiras aventuras literárias na Gazeta de Portugal. Em 1869 publica sob o nome de Fradique Mendes e viaja pelo médio oriente, assistindo à abertura do Canal do Suez. Em 1870 publica com Ramalho Ortigão o Mistério da Estrada de Sintrae em 1871 participa nas conferências do casino e começa a redigir As Farpas com Ramalho Ortigão. Até 1880 colaborará em várias revistas, das quais se destacam o Diário de Notícias e a Revista Ocidental, e publica o Primo Basílio e a primeira edição do Crime do Padre Amaro.  Entre 1880 e 1890 surge uma segunda versão do Crime do Padre Amaro, e publica mais textos curtos no Diário de Portugal, no Atlântico e na Gazeta de Notícias, publicando a Relíquia em 1887 e Os Maias em 1888. Na década de 1990 escreve A cidade e as serras e ainda inicia a publicação d’A Ilustre Casa de Ramires, colaborando sobretudo na Gazeta de Notícias, na Revista Moderna e no Antero de Quental — In memoriam, morrendo em Paris pelos comenos de 1900. 

A multiplicidade de abordagens que de tão prolífico escritor se poderiam fazer justificariam, por si, várias edições como a que hoje apresentamos; porém gostaríamos de marcar a data e celebrar que em janeiro do corrente ano se tenha aprovado por unanimidade o Projecto de Resolução 800-XIV, que propunha a “Conceção de Honras de Panteão Nacional a José Maria de Eça de Queirós”, como forma rememorar os 120 anos da morte do escritor.

Nesta edição o leitor poderá encontrar vários artigos que lerá com interesse, são eles: Os Crimes de Eça de Queirós de Antero Barbosa, Ecite (segunda onda), sobre os retratos das mulheres nos romances do autor; uma epidemia literária em tempos sombrios de Breno Goes, a propósito da comemoração dos 100 anos do nascimento do escritor, em 1945; De Maria Severa Onofriana A Santo Onofre de Eça, de Riccardo Cocchi, recordando em paralelo a figura da fadista Severa; Genoveva, de Maria da Conceição Silva Soares

Contámos com uma belíssima capa da autoria de uma colega da casa, Catarina Alexandre, que colabora connosco pela segunda vez. Voltamos a destacar também o seu portfolio. E recordamos também dois projectos que alimentamos: uma lista com a rede de entidades ligadas à FLUL, incluindo núcleos de alunos, revistas dos departamentos, etc.; e também o esboço, ou breve começo, de uma recolha de registos em vídeo e/ou áudio de eventos académicos das humanidades maioritariamente realizados na FLUL e não só.

​Findada a edição queirosiana, continuamos a convidar todos os que se interessem pela obra do escritor e demais assuntos a submeter trabalhos decorrentes das vossas investigações, assim como textos literários e textos de opinião. 

​Boas leituras!

em nome d’a direcção,

Sebastião N. Viana


EÇA

Aqui apresentamos vários ensaios sobre a obra de Eça de Queirós, todos eles únicos e bastante originais. Breno Goes fala-nos das comemorações do centenário do escritor, em 1945; Antero Barbosa sobre os retratos das mulheres na obra do autor; Ricardo Cocchi sobre a efeméride da fadista Severa; Sabina Silva Soares sobre a tragédia da rua das flores; e Cristiano Jesus sobre Alves e Companhia, que será publicado em breve.


Um ensaio e uma crónica ilustrada

Publicamos a primeira parte do longo ensaio de Mariana Franco da Silva que elabora hipóteses filosóficas sobre vivermos dentro de uma simulação, e Tomás Vicente Ferreira apresenta-nos uma magnífica galeria de iluminuras sobre Hildegarda von Bingen, a prolífica autora medieval.


Três crónicas, um conto e poesia

Victor Hugo Nicéas contribui com mais uma crónica na sua coluna regular, Pedro Adão recorda-nos o poeta António Nobre, Ana C. Rafael reflecte sobre a relatividade pessoal do tempo, Ana Vieira Vicente fala-nos, na sua crónica habitual sobre história medieval, de D. Teresa, e Marta Gondar presenteia-nos com a sua poesia.


& ainda

Votos de um absoluto excelente mês de Dezembro para todos e continuem a acompanhar as publicações, as partilhas, os eventos, os debates, as entrevistas e as colaborações que vamos organizando! Deixamos aqui dois itens já conhecidos: uma lista com a rede de entidades ligadas à FLUL, incluindo núcleos de alunos, revistas dos departamentos, etc.; e também o esboço, ou breve começo, de uma recolha de registos em vídeo e/ou áudio de eventos académicos das humanidades maioritariamente realizados na FLUL e não só. Desfrutem!



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