Texto de Ana Vieira Vicente. Revisão de João N.S. Almeida.Imagem: Monumento a D. Teresa, Ponte de Lima.
Quando se fala de Teresa de Leão, condessa de Portugal, mais conhecida por Dona Teresa, é comum dizer-se que foi uma mulher adúltera, possuía soberba e tinha bastante promiscuidade sexual. Era considerada uma espécie de reencarnação de Eva. Mas se assim é descrita com frequência, haverá certamente uma versão mais positiva que esta, de que vamos tentar dar conta neste texto.
D. Teresa teve um papel importante na orientação dos negócios públicos do então Condado Portucalense. Tinha uma atitude de independência perante a meia-irmã, Urraca de Galiza, Leão e Castela, em quem não confiava com o processo de unir o condado a Castela. Mas D. Teresa era uma mulher bastante confiante: considerava-se a si própria Rainha (com o aval positivo do Santo Padre), de uma estirpe superior por ser filha de um rei (embora sendo bastarda), empreendedora e valente.
A sua vida complicou-se com a morte do Conde D.Henrique, seu marido. Superando vários desafios, entre eles a tentativa bem sucedida no ataque aos mouros nas fronteiras que o seu marido tinha delimitado nas fronteiras ao Sul, foi construindo uma senda de vitórias e de sucesso.
Mas, para se manter a estabilidade do Reino, era preciso o apoio dos barões, o que não chegou a acontecer. No entanto, foi a sua vontade e determinação que determinaram a Independência do Condado Portucalense. Mas esta rainha nasceu mulher: uma mulher no trono era impensável, muito menos com acusações de adultério.


Assim, tendo com este breve vislumbre de alguns factos históricos uma melhor percepção de D. Teresa, que pode ser considerada a primeira Rainha de Portugal, estamos perante uma mulher que cometeu erros como todos nós, mas tinha uma determinação inabalável, uma enorme vontade de manter a sua própria independência, alguém a que hoje chamaríamos de empreendedora, que se afirmou no treino durante 16 anos sempre acompanhada pela sua inteligência e pragmatismo.