Texto de Hélder António Abreu Vitorino. Revisão de João N. S. Almeida.
Só tu conheces as insistentes
e indecifráveis marcas
que teus dedos persistentes ocultam
ficarei ainda contigo
na cidade de néon
o nosso amor permanecerá
rente a dias iguais
de solidão quotidiana
pela rua ao domingo no bairro
outras vezes na orla da praia
ou junto da árvore onírica
dos nossos sonhos
onde gravámos
o teu nome e o meu nome
demos tantas vezes as mãos
que estreitámos as nossas vidas
os teus lábios frementes
as palavras secretamente cúmplices
tímidas rosas
tua pele de carícias
teus olhos
órfãos imensos de alegria
eu não era poeta
foi o amor que tu
me dás que despertou
em mim assomos poéticos
nunca esqueceste a tarde de verão
em que os meus sentidos
te procuraram e nos tornámos
prisioneiros deste amor
que extingue as nossas vidas
nas tardes solitárias
ardem agora
recordações de ti
conchas violáceas de segredos
fechando em estertor
em teus cabelos