Textos de Maria do Rosário Rocha da Silva. Revisão de João N. S. Almeida.
201
Nunca dançaremos
Nunca tocarás a minha
cintura
Para que me conduzas
Nunca ouvirei
Duas palavras
Proferidas
A mim me resta
Sonho e dor
Ah! e como se misturam…
Fel de quem escreve.
236
Se um dia
Partir
E apartar-me
Da tua vista
Que me despia
Entre volúpia
E paixão
Guarda cada
Aroma do meu corpo
Na tua memória
No teu tacto
Não chores
Sorri antes
Porque te permiti
Fazeres-me tua.
246
Quando
Na relva verde me deito
E dali
Observo as estrelas
Em tão negro céu
Encontro
O
Reflexo da tua alma
E do amor
Que ela evapora pelas
Lágrimas
Que derramas
Quando à noite
Te deitas
Em tua casa
Num ritual
Que separadamente partilhamos
Eu
Que à noite
Na relva verde me deito
E tu
Que à noite
Em tua branca cama te deitas
E ambos
Dois horizontes fitamos
Apenas
Sincronizados
Num
Bater
254
Nunca escrevi
No verdadeiro sentido da palavra
Nunca escrevi
Assuntos importantes
Como o Amor
A Amizade
Ou a Luxúria
Nunca li
No verdadeiro sentido do olhar
Nunca li
Os livros da Vida
Como a Natureza
A Fauna
Ou o fogo que a consome
Nunca falei
No verdadeiro sentido do gosto
Nunca falei
Sobre o que se devora
Nem senti o sabor da tinta
Que as linhas desenham
Nunca senti
No verdadeiro sentido de sentir
Porque a escrita
E a Vida
Só se sentem quando abrimos um livro