Texto de Teresa Santos Cabral (https://oqueparaquivai.com/). Fotografia da mesma.
Para os meus, os de Letras
Todos os dias me rodeio de náufragos – também eu escolhi ser uma. Sim, escolhi, porque nós, esses de Letras, somos náufragos por escolha.
Decidimos entregar-nos aos pensamentos incertos, um tanto incompreensíveis, daqueles com o dom da palavra, os que duvidam tudo o que parece ser – e a isso aspiramos, talvez (que estranhos, os que estudam Letras…).
Nós, aqueles de Letras, decidimos abdicar da ideia que sabemos tudo e com orgulho usamos a farda de quem muito pouco sabe, desnorteados e sem porto certo (que aberração, os de Letras…).
Que bom viver náufrago! Sim, nós, os outros de Letras. Andamos perdidos entre reflexões, sentidos para a vida e inquietações. Nós (os grandes de Letras!) insaciavelmente tentamos saber mais, mesmo sabendo que não vamos saber tudo.
Nós, que afinal não passamos dos de Letras, vivemos simples, aproveitando a libertação onde o naufrágio nos levou.
Nós, os de Letras, náufragos por escolha.