EDIÇÃO 86: Fiódor Dostoevski

Capa: Bernardo André

Editorial Nº 86

Vladimir Iaroshevskii

Caros Amigos: tanto na Federação da Rússia como em muitos outros países, festeja-se, no decorrer de todo o ano 2021, o 200º Aniversário de Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski (11 de novembro de 1821 – 9 de fevereiro de 1881), um clássico tanto da literatura russa como da literatura universal, um dos escritores russos mais famosos mundialmente e, sem dúvida alguma, um dos mais lidos.

Queríamos agradecer à equipa de Os Fazedores de Letras por ter dedicado a presente edição da sua revista ao nosso grande compatriota e a felicitá-la por excelentes materiais publicados.

Ao ler os artigos sobre Fiódor Dostoiévski, pode-se compreender um fenómeno bem interessante e impressionante que existe em Portugal, o do bom conhecimento do nosso autor por parte do público português: falando sobre o escritor, as suas obras e biografia com os portugueses, tenho sempre a sensação de como se estivisse a falar com os meus compatriotas russos, porque o conhecimento das obras de Dostoievski e dele mesmo, a profundidade da compreensão dos protagonistas, são praticamente idénticos aos dos russos!

A presente edição de Os Fazedores de Letras explica, através dos artigos de William Rougle, as raízes do interesse e da afeição existente em Portugal pelo nosso Autor mundialmente famoso, que se devem, em grande medida, às pessoas que adoravam muito a cultura e literatura russas, entre eles Consiglieri Pedroso, Jaime Magalhães Lima, os tradutores de Dostoievski tanto da mesma língua russa como do francês (especialmente, no século XIX). Com muito gosto, encontrei no artigo dedicado às traduções os nomes de António Pescada e do casal Guerra, que contribuíram muito para que aparecessem em Portugal as traduções dos livros do nosso escritor diretamente feitas a partir da língua russa, que são obras de qualidade extraordinária por sua capacidade de expressar em Português o que queria dizer Autor em russo.

São muito interessantes também os ensaios de Frederico Leão e Dalva de Souza Lobo com Patrício Alberto Pérez Pinto, dedicados, respetivamente, aos hérois das novelas Noites Brancas e Os Irmãos Karamázov. A análise dos caracteres dos protagonistas, a interpretação dos seus anseios e da problemática da sociedade, do bem e do mal nas nossas vidas, é bem precisa e reflete, às vezes, a experiência da vida dos mesmos autores. Queria felicitá-los uma vez mais pelo excelente conhecimento das obras de Dostoievski que eles demonstraram nos seus ensaios.

Não deixa de impressionar a bibliografia das traduções do nosso grande autor para a língua portuguesa, que inclui mais de 300 publicações – e estou seguro de que há mais livros que esperam para ser incluídos nesta longa lista por jovens investigadores de Dostoievski!

Queríamos felicitar também a equipa por excelentes ilustrações para fazer o conteúdo da edição ainda mais vivo e atractivo para o público leitor.

Muito obrigado, e desejamos novos êxitos nas próximas publicações.

Vladimir Iaroshevskii

Conselheiro Cultural da Embaixada da Federação da Rússia em Portugal e Representante da Casa Russa (Agência Federal Rossotrudnichestvo) em Portugal


Sobre Dostoevski

Aqui apresentamos vários textos e imagens sobre a obra de Dostoievski. O Professor William P. Rougle escreveu-nos sobre a história das traduções portuguesas de Dostoievski e elaborou uma bibliografia destas, além de uma cronologia das primeiras traduções de cada obra. Além disso, cedeu-nos, generosamente, fotografias de capas antigas (1901-1944) de traduções portuguesas do autor russo, com as quais fizemos uma galeria. Incluímos aqui, também, o prefácio do Dr. Vladimir Iaroshevskii, um ensaio de Dalva de Souza Lobo e Patrício Pérez Pinto sobre Os Irmãos Karamazov, bem como um texto de Frederico Leão sobre Noites Brancas.


Crónicas

Victoria Stilman faz uma panorâmica à história da técnica no cinema, Ana Vieira Vicente, na sua rubrica habitual, fala do papel do rei na corte medieval, Victor Hugo Nicéas reflecte sobre filosofia, Teresa Santos Cabral sobre o lugar das humanidades, Mariana Bicudo Cunha sobre judeus na história de Portugal e Ricardo Fortunato sobre a grande divisão na filosofia actual.


Dois contos


Duas recensões de mother!,
Darren Aronofsky, 2017

João N.S. Almeida e António M. Pereira escrevem sobre a estrondosa e polémica (porquê?) obra de Darren Aronofsky, de 2017, que versa sobre criação telúrica e criação divina.


POESIA


& ainda

Dois itens adicionais que publicamos com muito gosto: a nossa entrevista ao professor Hans-Ulrich Gumbrecht, por Ana Isabel Soares e Tomás Vicente Ferreira, a propósito do seu mais recente livro, sobre Diderot ; e o EP da nossa colega da FLUL Maria Kopke, Jenny.



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