Texto de Guilherme Berjano Valente. Revisão de João N.S. Almeida. Imagem: Goya.
Em resposta a um editorial, a várias ofensas, a pontos desnecessários e pessoas revoltadas, por parte de uma ilógica.
Começo por afirmar que este texto prometerá tudo aquilo que não irá cumprir: prometo falar de modo sério, discutir os assuntos em questão logicamente, e comprometo-me para com a verdade desde este início até ao fim desta mesma página.
Não me levem a sério.
Creio que todo o Twitter é um espaço de criação literária, assim como qualquer plataforma de redes sociais. Não pensem que defendo que é boa literatura; isso não, se nem em livros o conseguimos fazer, quanto mais num local de caracteres limitados onde o tempo de atenção resume-se a segundos, dos longos. Se assim o é, se todos concordamos que poesia pode ser feita com cento e quarenta caracteres, então, por que motivos vamos nós estar a levantar editoriais contra achincalhos públicos, ofensas desnecessárias e argumento irritadiços? A resposta é óbvia caro leitor: por motivo nenhum, assim como aquela onda de raiva levantada contra as figuras públicas costuma ser sempre mais ficção do que realidade. Parvo aquele que não lê beleza em ofensas. Inocente se deve fazer, se não gosta da sonoridade de um palavrão bem colocado.
Tudo isto para introduzir a seguinte ideia: não se leva a sério, num sentido absolutista, o que é literatura, não devido a toda a sua capacidade, mas porque isso seria arruinar todo um mundo de textos capazes, de pensamentos vorazes: Nietzsche diz que é dinamite, só que isto é uma metáfora, logo, tenhamos calma com o que lemos literalmente; nós que a estudamos não a levamos a sério, como se fosse um mundo de pregos, por que razão as levastes vós? Sabeis tão bem quanto eu que a vida se faz a recriar, não a ficar com comichão devido a um palavrão mal posto. Ah, Ninfas com palavras que são farpas redondas, inundai-me de inspiração para escarrar as definiçõesmais violentamente cómicas contra o mundo, contra os meus amigos, contra os que me querem bem, pois aos que odeio, os que desprezo, esses não têm direito de ser ofendidos, de ser poetizados, de ouvirem o seu nome de braço dado com grandes palavrões.
Chamem-me lunático, ignorem-me, mas eu serei o vosso novo Zaratustra. Não tomais nada demasiado a sério, ou ides contar pedras que vos pesam nas costas, sem quem lá estejam. Escravatura, que tempo horrível, mas que palavra cheia de metáforas possíveis. Sejam livres na linguagem, ofendam, gritem enervados, mas não magoem. Isso não. Saibam quando parar.
Respondo aos que dão voz aos outros, sem que lhes seja pedido; não é atentado ao individualismo enervarmo-nos com o que dizem dos outros? A alteridade não sou eu e isto é inegável; venho, agora, contestar gentes e gentes pois talvez me sinta mais ofendido do que o que é ofendido? Este é um crime que se paga na mesma moeda: um dia tirar-vos-ão a voz se o fazem aos que já a têm. Não somos cavaleiros do Zodíaco.
Levantamos várias hipóteses para resolver a questão de donde vem o ódio de uma grande quantidade de pessoas; quais os motivos de desagrado; será isto, será aquilo? Talvez tenhamos esquecido que os sentimentos são mais naturais que os pensamentos; ajustamos tudo ao que vemos. Não vale especular; como se interpreta:respeitando o texto e o contexto; deste modo, para quê desenvolver tanto palavreado, se a resposta é óbvia a olhos nus. A raiva não necessita de motivos. Não afirmo que no caso apresentado por aquele editorial a que tento responder, não haja razões; não tomais crenças por afirmações. Digo, sim, que é uma atividade de cansaço.
Cerro tais ideias neste ponto: em que mundo não vamos culpar alguém por tudo e por nada. Se é honroso, respeitoso, elogioso, é um grande não. No entanto… Ah, Ninfas, já me faltam as palavras; bandeira branca; não consigo, não posso, nunca aceitaremos que o nosso mundo é apenas irracional, que as nossas ações são instintivas, que aqueles que conseguem ter total controlo sobre si mesmos não são os puros, mas os inaturais.
O Twitter não é um espaço real.
Nem tudo foi mau, nem tudo foi bom.
Uma cultura que desrespeita o mérito de cada um é comum ao carácter do humano.
Não lamentemos e não tentemos resolver aquilo que não é nosso; mas que nos agrademos com a vida;
Levamo-la como se fosse real absoluta; nem sei de que cor é o teu verde.
Ninfas…