Diagnóstico, Vítor Mendonça

Texto de Vítor Mendonça. Revisão de Guilherme Berjano Valente.

Nos últimos tempos, sempre que somos confrontados com debates políticos, há sempre um assunto que nunca é esquecido e que sempre é debatido, sendo este a grande ascensão dos extremismos. Mas por mais que debatamos as consequências, diretas e indiretas que tal ascensão tem, raramente fazemos um diagnóstico a esta ascensão e poucas são as vezes em que encontramos um remédio..

Urge encontrar soluções para esta problemática; e não, essa solução não passa pela exclusão, pelo “extermínio” destes partidos radicais, pois isso não seria democracia, nem seria tolerável para quem quer que se autointitule como democrata.

Este trabalho de análise passa inevitavelmente por percebermos quais foram os grandes erros cometidos nestes quarenta e sete anos de democracia, que nos trouxeram a este ponto, e arranjar soluções. Não podemos, desde já, passar um atestado de burrice (ou de fascismo?) aos eleitores destes partidos, porque na maior parte das vezes estes são pessoas que se encontram insatisfeitas com o estado a que este país chegou (reformados que sofreram cortes nas suas pensões, cidadãos que vêm a carga a fiscal a aumentar e o investimento público a cair) e que, muitas vezes por falta de conhecimento, tendem a procurar soluções que aparentam ser mais fáceis, mas que lá no fundo são só populistas.

Há, assim, a necessidade de concertar estes erros do passado, sempre com base no diálogo entre a esquerda e a direita democrática, oferecer soluções que não sejam populistas, para as disfunções que estes partidos mostram que existem nos países. Desenganem-se aqueles que dizem que o aparecimento destes partidos não trouxe nada de bom ao sistema democrático, muito pelo contrário, o próprio crescimento dos mesmos mostra que souberam deixar mais a claro a existência de muitos problemas sistémicos na nossa democracia, como a corrupção. Porém, trouxeram o que não podemos admitir numa democracia, “soluções” que muitas vezes ignoram os direitos individuais, ignoram a Constituição da República Portuguesa e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 

Não sou grande crente na democratização de partidos que se fundaram com base no ódio e na instigação do medo, por isso, se os queremos derrotar, derrotemos pelas ideias, pela lógica e não pelo ataque gratuito a quem neles votou, porque é sempre importante lembrar que se não concordamos com a catalogação de pessoas, não podemos estar aqui a criar eleitores de primeira, e simplesmente desacreditar todos os outros. Há que agir numa frente comum, com vários objetivos: democratizar o país e o sistema político atual e melhorar a qualidade de vida no Ocidente.