A Rosa Púrpura do Cairo — A Relação entre Realidade e Ficção, Cláudia Marques

Texto de Cláudia Marques. Revisão de Luís G. Rodrigues.  

The Purple Rose of Cairo (A Rosa Púrpura do Cairo, de Woody Allen, 1985) é uma ode ao cinema, ao sonho e à barreira entre o mundo da ficção e o mundo da realidade. 

              O filme apresenta-nos os créditos iniciais com a música de fundo, “Cheek to Cheek”, interpretada por Fred Astaire, do filme que protagoniza, Top Hat(Chapéu Alto, de Mark Sandrich,1935), que nos transporta para a época da Grande Depressão do pós-guerra, tempo onde o filme se ambienta. 

                Primeiramente, temos acesso a um grande plano do póster do filme dentro do filme, The Purple Rose of Cairo, seguido de um grande plano da face de Cecilia, interpretada por Mia Farrow. Através destes dois planos, o elemento do sonho e do mundo do cinema é ilustrado a partir da reacção de Cecilia ao vislumbrar o mais recente filme em cartaz exposto no cinema que frequenta assiduamente.  

Através deste primeiro plano e da vida quotidiana da protagonista como empregada num café local de New Jersey, onde durante o seu trabalho fala sofregamente e de forma entusiasta de inúmeros filmes e estrelas de cinema que idolatra, percebemos que estamos perante uma amante inveterada de cinema. 

Cecilia é uma mulher carente, romântica e sonhadora, que vive inebriada pelos filmes que assiste para escapar à triste e dura realidade que enfrenta na sua vida: a sua condição social, os tempos de dificuldade e crise que o país atravessa e a sua vida conjugal com um marido desempregado, parasita, rude, machista, infiel e violento para com a sua mulher, que passa o dia com os seus amigos, rodeado de copos, cartas e mulheres. 

Um dia tudo muda na vida de Cecília… Quando a sua vida parece desabar por completo ao perder o seu emprego, -esta última situação aliada à vida de constante violência, traição e desprezo em casa por parte do marido –   Cecilia, é, mais uma vez, levada a deslocar-se ao cinema para mergulhar no mundo do sonho, da ficção, onde pode escapar e ser feliz, abstraindo-se da realidade (escapismo). 

Desta vez, revê múltiplas vezes o mais recente filme em cartaz, A Rosa Púrpura do Cairo, (grande plano dos créditos do filme projectado, seguindo-se de uma sequência de múltiplos planos alternados entre os créditos e cenas do filme), quando algo de inesperado e único acontece:o milagre de uma personagem de um filme saltar da ficção para a realidade.  

Tom Baxter, arquéologo, explorador, de natureza romântica e aventureira, salta da tela de cinema, desafiando, desta forma, as leis da metafísica e da ontologia para ir ter com Cecilia, (que consegue vislumbrar na plateia) e que lhe chama a atenção de dentro do filme, acabando por fugir com ela. As personagens do filme entram em sobressalto e começam a discutir entre si para choque do público e do gerente do cinema e, posteriormente, inicia-se uma discussão entre os espectadores e as personagens, ocorrendo o fenómeno de fusão entre o mundo da realidade e da ficção. 

O diálogo entre as personagens do mundo da ficção e da realidade confere também a mesma função da “voz sobre” (semelhante à voz-off de um narrador) – diálogo este, que produz um carácter distintivo entre o mundo real e o da ficção, entre o carácter ilusório, falso mas fantástico do cinema e a crua realidade, criando uma barreira entre o cinema e a realidade, as personagens e o espectador, revelando, ainda, um elemento de auto-referencialidade da identidade perante a qual o espectador se depara- uma ilusão, um mundo fictício sobre a forma de filme em contraste com a sua realidade. 

Tom Baxter confessa a Cecilia que está apaixonado por ela e que pretende descobrir o mundo real, viver e ser livre da história a que está aprisionado. 

Woody Allen aborda temas típicos dos seus filmes como questões políticas e sociológicas que são expostas na cena à porta do cinema, onde o público critica o filme e o fenómeno ocorrido aos jornalistas, que reportam o evento e comentam que poderá tratar-se de uma obra 

anarquista ou comunista, ou seja, um fenómeno que foge à norma, ao sistema e à ordem de classes. Também é feita uma crítica à monotonia do quotidiano, da vida do ser humano, uma crítica ao previsível, à ordem, ao costume e hábito, no momento em que uma espectadora afirma que quer ver o mesmo filme que viu na semana anterior, da mesma forma e questiona-se que se não for de igual forma, o que é a vida, afinal. 

Posteriormente, o gerente do cinema contacta a produção do filme a para dar ocorrência da situação. 

Enquanto isso, o tumulto na sala de cinema prossegue entre os espectadores na plateia e as personagens na tela. No público, uma mulher acompanhada pelo seu marido, confidencia que ele não se dá bem com seres humanos, com pessoas reais mas gosta de estudar a personalidade humana através dos filmes; ora, isto retrata o carácter de escapismo que o cinema possui, as personagens incorporam o ser humano mas não são reais, mas sim fictícias, assim como a realidade retratada no cinema, baseia-se na realidade mas não deixa de ser uma criação, uma fantasia, uma ilusão, uma ficção. 

Mais tarde, num clube de dança, Tom e Cecilia deparam-se com as realidades distintas do mundo a que pertencem. No mundo real de Cecilia, a miséria, a doença, o envelhecimento e a ausência do verdadeiro amor assolam a vida do ser humano. Por outro lado, no mundo fictício de Tom, as pessoas são coerentes, não desiludem, são de confiança e encontram o amor verdadeiro. Cecilia argumenta: “You don´t find that kind (people) in real life”, ao que Tom contrapõe: “You have had”. Esta cena ilustra a união dos amantes e sobretudo a fusão do mundo da ficção com o da realidade. Estamos perante mundos/realidades intercruzadas, a temática principal do filme. 

Na cena seguinte, deparamo-nos, pela primeira vez, com a figura do duplo, o criador de Tom Baxter, o actor que o interpreta, Gil Shepherd, a pessoa na esfera da realidade a quem é transmitida a notícia de que a sua personagem saltou do ecrã e desapareceu no mundo real, existindo o problema do paradeiro da mesma e do que esta poderia fazer, como a possibilidade de manchar a imagem de Gil. 

       ​O encontro de Tom e Cecilia irrompe pela noite e a diferença dos mundos de ambas as personagens é cada vez mais salientada e evidente. Tom revela um conhecimento e carácter limitados associados à componente trágica e restrita da sua essência como ser fictício, como uma personagem de um filme, de uma história específica, que não conhece nada mais para além do conhecimento que possui desse mesmo enredo em que participa e actua. Temos o exemplo da cena de fuga do restaurante, quando Tom e Cecilia fogem devido a Tom não ter dinheiro verdadeiro, apenas notas falsas para pagar a conta, em que os dois entram num carro e Tom não sabe pôr um carro a funcionar, apenas conduzir, pois a sua personagem no filme apenas sabe mexer no volante, e, no que toca à realidade, Tom não sabe agir no mundo real, não sabe pensar, ignora as necessidades básicas da vida real, afirmando a Cecilia ingenuamente e apaixonadamente de que ambos podem viver sem dinheiro, apenas de amor. 

       A cena comovente do beijo, em particular, despertou-me bastante interesse. Woody Allen reúne os ingredientes perfeitos que ilustram as temáticas do filme: a alusão ao cinema, ao amor, ao sonho e à dicotomia e barreira entre realidade e ficção, num delicioso diálogo, quando os dois amantes se beijam e Tom estranha e questiona a ausência do fade out (técnica cinematográfica que consiste num desvanecimento gradual de um determinado plano, encerrando uma sequência, tipicamente usado, como aqui é referido, nas cenas de beijo entre os amantes). Ele afirma a Cecilia que após o beijo entre os dois amantes que costuma de ocorrer o fade out, o corte que não revela as cenas íntimas posteriores e ela explica que na realidade isso não acontece dessa forma, ao que ele pergunta maravilhado: “How fascinating! You make love without fading out?” 

       ​Mais tarde, o actor que interpreta Tom, Gil Shepherd, dirige-se até ao cinema de New Jersey acompanhado pela produção do filme e do estúdio para falar com as personagens do filme acerca da situação que sucedera. 

        Uma das personagens grita exaltadamente que quer ser livre também como Tom e um dos produtores contesta e critica, dizendo que aquilo é conversa de comunista.  

       ​Gil fala da importância da sua personagem, ainda que secundária, e vemos aqui a crítica de Allen à importância apenas atribuída aos protagonistas e a subvalorização da relevância do papel de uma personagem secundária, o valor que ele possui e o que pode causar numa história, alterando todo o enredo. 

O comentário de um dos produtores relativamente a todo a situação e tumulto gerado,          “Os humanos querem a vida da ficção e os da ficção querem a vida dos humanos”, é uma das deixas fulcrais e ilustrativas de todo o filme, realçando, uma vez mais, a fusão e simultânea barreira entre o mundo da ficção e o da realidade e aqui, em particular, deparamo-nos com o sonho e as perspectivas de ambos os mundos. O desejo e o sonho de um mundo conhecer, pertencer e explorar o outro.  

       Esta temática do sonho de pertença a outra realidade e a fusão/diferença entre dois mundos, é igualmente retratada no cinema com o filme, Wings of Desire (Asas do Desejo, de Wim Wenders, 1987), em que um anjo se apaixona por uma humana e deseja estar com ela, abdicando da sua imortalidade, para poder desfrutar não só do amor com a sua amada mas também da vida real e do que ela proporciona, tal como Tom (personagem cinematográfica) se apaixona por Cecilia (humana) e ambiciona estar com ela, conhecer o mundo real e ser livre da sua limitada existência, enquanto personagem fictícia. 

         Posteriormente, Cecilia cruza-se com o actor que interpreta Tom e confundi-o com a sua personagem mas este revela-lhe quem é e esclarece o que se passa e o que pretende, encontrar o seu duplo, a sua personagem, Tom Baxter, pedindo a Cecilia para lhe levar ao encontro dele. 

       ​Na cena seguinte, trava-se o encontro e confronto entre o actor e o seu duplo, a personagem. Mais uma vez, a temática do conflito do mundo da ficção com o da realidade é posta em causa conjuntamente com a questão ontológica do ser, quando se discute o facto de Tom ser uma criação de Gil e ser inconcebível para Tom tornar-se real ou querer aprender a ser real, visto que a sua essência se resume a uma entidade fictícia, produto e criação de um actor. Tom não é real e ser real não é algo que se aprende, ou se é ou não real, ou se faz parte desse mundo ou não. Cada um está destinado à sua trágica existência inerente.  

         O confronto entre os dois é dividido entre o desejo de Tom estar com Cecilia e o seu    sonho de liberdade e, por outro lado, a ambição de Gil subir na carreira e o medo de perder a sua reputação, graças à situação vergonhosa em que Tom o colocava.  

       ​Enquanto isso, os produtores e a equipa do filme tentam moderar a situação compactuando com a imprensa. 

       ​Mais tarde, Cecilia dá a conhecer as crenças do ser humano em Deus, ao levar Tom a uma igreja, onde se trava uma luta entre o marido de Cecilia, que surge na igreja subitamente à procura da mulher, e Tom Baxter. 

       ​Tom sai ileso da luta, sem quaisquer vestígios de ferimentos (característica inerente ao seu carácter e matéria ficcional). E, pela primeira vez, Cecilia consegue enfrentar destemidamente o seu marido, inspirada pela coragem de Tom. 

      Na cena seguinte, Cecilia encontra Gil Shepherd à porta de sua casa e conversam animadamente sobre as suas personagens notáveis no cinema e sobre o estatuto de estrela que Gil sonha alcançar. Cecilia elogia a qualidade heróica que Gil oferece às suas personagens e o brilho de estrela que ele possui e este destaca-a das raparigas glamourosas dos círculos de Hollywood que o bajulam incessantemente, caracterizando-a como alguém real (diferente do carácter artificial e falso dos círculos da indústria cinematográfica). Ele confessa que gosta de falar com Cecilia e começa a confidenciar-se com ela, enquanto passeiam. 

           Mais tarde, uma prostituta encontra Tom Baxter e leva-o até ao bordel onde trabalha. 

       ​Nesta cena, o carácter ingénuo, romântico e encantador de Tom é enfatizado através do desconhecimento do lugar onde se encontra e de conversas existenciais que arrebatam as prostitutas (temáticas de Woody Allen) acerca de Deus; da vida; da origem de tudo; da finitude da morte e a magia do mundo real diferente do mundo das sombras/ficção; o carácter miraculoso do nascimento de um ser; a existência e os sentimentos humanos. 

         Quando finalmente as prostitutas o clarificam relativamente ao propósito daquele sítio, ele recusa-se a ter relações com elas, pois não quer atraiçoar Cecilia, porque a ama. 

       Entretanto, Gil e Cecilia divertem-se numa loja de instrumentos, cantando e falando sobre os filmes dele, até que se beijam e ele confessa-se apaixonado por ela. 

        Na cena posterior, Woody Allen apresenta-nos outro cenário delicioso com mais uma das suas referências características em que uma das personagens no interior do filme, enquanto aguarda com as restantes personagens por uma solução no que toca ao regresso de Tom Baxter, num grito de protesto, incentiva os colegas a unirem-se contra os directores, escritores e actores, pois eles lucram à custa do trabalho escravo deles e uma das personagens, mais uma vez, faz referência à conversa de comunismo. 

     Outra das personagens coloca o problema através de uma perspectiva semântica, sugerindo que poderiam ver as coisas através de uma nova concepção, podendo eles serem considerados a realidade, e, por sua vez, a realidade considerada o sonho/ficção. Isto coloca-nos, uma vez mais, perante a temática metafísica de duas realidades intercruzadas, dois mundos e duas perspectivas que se podem renovar. 

       ​Diversas personagens de Tom Baxter tentaram sair da tela de outros cinemas e a produção do filme resolve solucionar a questão através da busca de Tom e do seu consequente regresso ao ecrã, e através da queima das bobinas do filme, impedindo qualquer tentativa de escape da personagem. Evitando, desta forma, prejuízos à indústria cinematográfica, problemas legislativos ou escândalos. 

      Mais tarde, Cecilia e Tom Baxter encontram-se e regressam ao cinema onde Tom apresenta a sua noiva às personagens na tela, tratando-se da mulher que fugiu com ele

        Saltam os dois para o interior da tela, fundindo-se novamente os dois mundos, mas desta vez, de forma inversa, não é uma personagem que vai ao encontro da realidade, mas sim uma humana que vai ao encontro da ficção.

       ​A história do filme dentro do filme prossegue com o regresso da personagem de Tom Baxter, mas com a presença de um novo elemento e com a particularidade de ser humano, alterando o rumo de todo o enredo. 

       ​A protagonista do filme desmaia ao deparar-se com alguém real, e, subitamente, o enredo é alterado através da proposta de Tom, proclamando a todos para agirem cada um por si e decidirem o que fazer, apelando à liberdade.  

       Tom e Cecilia saem do restaurante para conhecerem a cidade dentro do filme, explorando as ruas, avenidas e diversos clubes de dança aos quais temos acesso através de vários planos sucessivos, terminando com um plano de um copo de champanhe a ser enchido até transbordar e se dissolver com os amantes a surgirem gradualmente por trás num carro, associado à ideia da chegada do fim do sonho/fantasia. 

         Posteriormente, ocorre o encontro final entre as três personagens, Cecilia, Tom e Gil, quando este último surge no cinema e os confronta. 

       Neste momento, Cecilia depara-se com a decisão final, escolher entre Tom, o ideal, perfeito, romântico, confiável, mas fictício ou Gil, o homem real. As personagens de dentro do filme opinam, argumentando que Tom é perfeito, mas por outro lado limitado e Cecilia acaba por escolher Gil, o homem que pertence ao seu mundo, à sua realidade. 

A liberdade de escolha/decisão (livre arbítrio) do ser humano é também abordada nesta cena através da deixa de uma das personagens do outro lado da tela. 

           Para grande desgosto e desilusão de Cecilia, esta descobre que Gil lhe havia mentido com a sua promessa de viajarem até Hollywood juntos, usando-a única e exclusivamente para a sua personagem, Tom, regressar à tela. Como espectadores, somos efectivamente confrontados com a comprovação da dura realidade, em oposição à ficção.  

           A realidade é exposta como uma mentira, uma falsidade, uma desilusão, em oposição, à ilusão da verdade e fidelidade que o cinema proporciona ao espectador. 

           Na sequência final do filme, Cecilia desloca-se ao cinema, onde nos é apresentada a cena de dança de Fred Astaire com Ginger Rogers do filme, Top Hat(Chapéu Alto, de Mark Sandrich,1935), remontando-nos à música dos créditos iniciais, para se deixar, uma vez mais, contagiar pelo mundo do cinema, do faz de conta, onde os sonhos se tornam realidade, onde a felicidade é garantia, onde o verdadeiro amor se encontra e a fantasia e a magia se unem, e se escapa, por momentos, da crua e fel realidade. 

O filme combina, como referi inicialmente, a vertente da barreira entre ficção e realidade, e, simultaneamente, a fusão estabelecida entre ambas, ao introduzir-se uma personagem fictícia no mundo da realidade; a posterior introdução de uma humana no mundo fictício e a existência de diálogos entre seres humanos e as personagens cinematográficas, que enfatiza o carácter de distinção entre as duas realidades paralelas: o mundo fictício do cinema e a realidade, combinando uma auto-referência à entidade do filme (ao facto do espectador se encontrar perante um filme, afastado da sua realidade.)  

O sonho de entidades de mundos distintos (mundo do cinema/mundo real) também é abordado, sendo que, as entidades de uma esfera e de outra sonham com a realidade que não a sua, as personagens querem pertencer à realidade e os humanos querem pertencer à ficção. 

Outra das vertentes exploradas é o carácter onírico e ilusório do cinema, que provoca no espectador a divagação no mundo fictício e o faz sonhar e abstrair-se da sua realidade, fantasiando com o que visualiza e recebe da tela, acreditando, participando e contagiando-se por essa outra realidade. 

A figura do duplo é igualmente explorada, ou seja, o que divide a personagem do actor (um é real, outro fictício) e o que os une (a personagem é criação do actor, o actor introduz as componentes psicológicas e físicas vindas de si mesmo, veiculando-as para a sua personagem). 

O filme é também uma homenagem aos filmes de Hollywood da era da Depressão, que Allen tanto preza. 

Woody Allen combina todas estas temáticas através de um diálogo prodigioso e comovente, do seu humor e ironia tão característicos acompanhados por referências típicas dos seus filmes relativamente à existência humana, à vida, ao amor, aos factores políticos e sociológicos e à insatisfação e anseios do ser humano que, muitas vezes, busca a magia e fantasia através de escapismos ilusórios (neste caso, o cinema), abordando esta temática, como por exemplo, noutro dos seus filmes, “Midnight in Paris”. Todas estas componentes de Allen oferecem-nos um filme brilhante e único.