Texto de Raquel Patriarca. Revisão de João N. S. Almeida.
Um tipo de sentimento que percorre os contornos de uma peça a que podemos chamar de obra de arte.
Ser a força que não temos assumida e que escondemos por detrás da nossa aparência de flor iludida.
Estar perdida num jardim de rosas com espinhos e ainda assim criar raízes de girassol, alimentando a sua cor com pura luz.
Saber as capacidades que se tem e, acima de qualquer uma delas, semear e ser amor.
Ter a delicadeza máscula de um vestido de pedra esculpido pelos antigos e colado à pele daquelas que, sentadas, aguardam o momento de se revelar.
Não nascer num corpo, mas tornar-se revolução e escolher a própria máscara.
Alimentar a alma com o orgulho de ser e querer ser aquilo para que fomos criadas.
Concretizar o sonho de mostrar as cicatrizes das asas que não nos permitem revelar.
Guardar as asas para mais tarde as abrir e voar. Pois mulher que é mulher não morre como nasce, mulher que é mulher transforma a energia da vontade que a criou, no marco da história que só o futuro descobrirá.
Ter sido mito, mas, hoje, vestir um corpo, é uma força, uma luz.
Ser história, um caminho com origem, mas nunca com fim.