Texto de Lourenço Duarte. Revisão de Joana Rebocho. Imagem: O Beijo, Klimt.
De um viúvo para sua mulher
Saberei de cor o teu último sorriso
A casa de Verão que não chegámos a habitar.
Um dia, muito velho, lembrarei que fiz o
Sina da aldeia tocar… tocar…
A doce terna heróica lembrança do passado
O dia em que as aves fugiram do país.
Vivo como se estivesse ao teu lado
Mas tu aqui não estás. Deus o quis…
Procuro na memória das fotografias
Aquele medalhão que um dia te ofereci.
Ouvisses, meu amor, estas elegias
Escrevo-as com um corpo que já não está aqui.
Fraquejo, tusso sangue, talvez esteja em vias,
Como um bumerangue, de voltar a ti.