Amargura de tudo ser, Marta Gondar

Texto de Marta Gondar. Revisão de Joana Rebocho e Lourenço Duarte. Imagem: Aja ebsq.

Amargura de tudo ser

O perfume

Mais do que o simples aroma
Também o vidro lilás e perfurante
Do olfato
As cores vibrantes da embalagem
Que vestes
Brilhante aquarela de órgãos

Mulher, tudo o que foste!

A corporalidade

Corpo largado aos ventos
Canibais

Traçados mais de duzentos
Caminhos

A cerâmica é
arte de ser feminino

Vulcanismo

Estudas a geografia
Dos sobressaltos ardentes do mundo
Perigo iminente
O olhar
Vermelho incandescente
Nos imensos rochedos surfar
O fóssil do teu corpo

Apelo à irmandade

Mulher, representa as tuas cores
no mundo cinzento
os fantasmas que te consomem
Desaparecem no fumo do cigarro
És todas as formas
Pentágonos
Dodecaedros
A dimensão é nada para ti
Mas toda a dimensão crias