Textos de 大象城堡 (pseudónimo de Diogo Castro). Revisão de João N. S. Almeida.
O Eremita
Sombras de um passado pensante,
Reflexos de uma existência vazia.
Não sei falar comigo.
Digo-me o que não escuto
E a confusão impera.
Ausente, transliterado,
O que pensar ou sentir?
Não sei. Não sei. Não sei.
Que me salvem do silêncio
As palavras que não me endereçam?
E como a energia que de mim foge!
Silêncio tão alto que me oprime.
Sair de mim para ninguém.
Ter nada para alguém, em vão…
Ruído estático. O mundo:
Analógico me recorta.
Positivo ou negativo?
Nem em superposição sou
Binário em totipotência.
Shhhhhhhhhhhhh.
Prolongado ao infinito, ao vazio:
Assíntota do que sou.
Não sei falar comigo.
Me digo o que não escuto
E a confusão impera.
sem título 1
Sonhar, em vão pensar,
Não ser, não fazer,
Não sentir e assim acabar:
E este vazio, só, não querer.
Não dói ou custa.
O nada que domina
Pesa mas não assusta:
Afunda a fé na sina
De poder estar bem
Sem mágoa ou desdém
Pelo passado de onde fugi
Ou do futuro que ainda não vivi.
sem título 2
Que a tua primavera,
No sorriso que se sintoniza
Com a ternura catalizadora,
Seja, nos seus braços, o que estabiliza
A intensidade dos sonhos guardados,
Na gaveta agora aberta
(Ao lado de onde a tristeza nos passos dados
Escondias) e que toda a energia desperta
Para seres luz nos olhos que florescem
Só em ver que sorris com esperança:
Do amanhã, do que sentes e de que amam.
A cerejeira floresce.
O sol tinge de ouro a erva.
A chuva pode vir que, agora, preserva
A árvore para o fruto que dela então cresce!