Entrevista ao Prof. Pinto do Amaral: “é bom ter desejos impossíveis”, Lourenço Duarte

 Entrevista conduzida por Lourenço Duarte. Foto de Alfredo Cunha.

“É bom ter desejos impossíveis”

Com o objetivo de integrar uma entrevista n’Os Fazedores de Letras, o jornal da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, convidei o poeta e professor académico Fernando Pinto do Amaral para uma tarde de conversas literárias. Pedi um café, o professor uma cidra, e depois de ligado o gravador a conversa começou. 

Para Fernando Pinto do Amaral, as artes trazem questões que nunca poderiam ser resolvidas por máquinas, pois tocam naquilo que de mais humano temos: o mistério. Afirma a importância de possuirmos desejos impossíveis, e transpõe a atitude do poeta em tempos de pandemia para lá do âmbito literário.

Sabendo que trocou Medicina por Letras, pode-se dizer que trocou o corpo pela alma?

Aquilo que procuramos na Medicina, por exemplo a confiança na ciência e na pesquisa em relação às vacinas (que agora com o exemplo do vírus ficou muito claro) do ponto de vista ético tem mais utilidade. Nesse sentido, eu troquei uma área de conhecimento na qual o consenso da comunidade científica trata de factos. A terra é redonda, não é plana. Enquanto que as Letras, tal como a Filosofia e tudo aquilo que se costuma chamar de ciências humanas, são áreas em que o conhecimento não é garantido, nem é consensual. Por isso mesmo têm uma forma de resistência ao tempo muito diferente, em comparação com as ciências exatas. Uma verdade científica caduca. Ao fim de uns séculos, interessa pela história da ciência, mas já ninguém segue esse livro. Isso foi muito claro no meu curso de Medicina, porque alguns dos manuais do meu pai ainda se adaptavam, como a Anatomia, por exemplo, que não mudou. Mas tudo o que envolvia pesquisa de vírus, bactérias, etc. já não seria tão adequado nos dias de hoje.

No fundo, há ramos que se desatualizam, enquanto que  nas Artes e nas Letras o que acontece é que não se desatualizam. Nós hoje lemos textos de há dois mil anos, e aqui uma grande vénia ao Departamento de Estudos Clássicos da Faculdade, que considero ser dos departamentos que melhor funciona, e o com mais identidade. Mas nós hoje lemos textos de há dois mil anos com uma frescura… Com um encanto… Como se fossem escritos ontem. Por exemplo, os textos de Catulo, num poema celebérrimo para a sua Lésbia, em que pede milhares de beijos. O poema é lindíssimo e ainda hoje é atual, o que significa que as Artes lidam com qualquer coisa de humano que nos questiona, nos inquieta, nos coloca em causa e para as quais não há uma resposta científica. Não há um tubo de ensaio que possa provar certos pontos de vista sobre Homero, ou Virgílio. Nesse aspeto, há uma zona de ambiguidade. A zona de pesquisa das Artes e Humanidades é uma zona mais pessoal, mais subjetiva e mais indecidível, na medida em que não há uma verdade aceite por todos, ao contrário das ciências exatas. Falamos de verdades que não caducam.

Nestas férias, tenho lido bastante Camilo Castelo Branco, e acho muita graça àquelas histórias lá do Norte, das famílias, e daquele vernáculo engraçadíssimo. Portanto, a minha geração, que nasceu cento e tal anos depois do Camilo, ainda o lê. Mesmo daqui a cem ou duzentos anos, é possível que ainda centenas ou milhares de pessoas leiam Camilo. Agora, é uma minoria mas que apesar de tudo resiste ao tempo de uma maneira diferente de uma verdade científica, em que numa dada altura é consensual. Hoje em dia, vemos quem negue as alterações climáticas, por motivos políticos, económicos, ou outros, e está de facto a negar verdades científicas. É como dizer que a terra é plana.

Com esta explicação, o professor lembrou-me um verso do Antero de Quental, onde a certa altura escreve “a forma transitória e imperfeita”. Aplica-se à área das Humanidades?

Exatamente. A diferença que carateriza as Artes e Humanidades tem a ver com essa forma transitória e imperfeita do conhecimento. Mas, atenção: eu acho que implica conhecimento. As Humanidades levam-nos ao conhecimento, mas a um conhecimento difícil de definir cientificamente. Quem tem boas páginas sobre isso é Milan Kundera, em A Arte do Romance. Há qualquer coisa ali que tem a ver com um conhecimento da vida. E o Roland Barthes, autor muito amado da nossa Faculdade, também tem um texto sobre isso, em A Lição, quando diz que se desaparecessem todas as matérias (História, Geografia, Ciências, etc.), e só pudesse ficar uma disciplina, escreve que apesar de tudo a língua materna, no nosso caso o português, permitiria retirar de um texto tudo o que precisamos de saber sobre História, Geografia e Ciência… Isto para dizer que as Artes e as Humanidades são forçosamente humanas, e como dependem de nós são imperfeitas. Ao estudarmo-las, estamos a estudar-nos a nós mesmos, enquanto que um cientista que estuda, por exemplo, a propagação da luz, está a estudar uma entidade objetiva e precisa e que, portanto, será consensual durante muitos anos.

Se tivesse uma máquina de viajar no tempo, que escritor/a, ou época, gostaria de visitar? 

(Ri) O escritor seria o Camões, sem dúvida alguma. Na realidade, aquilo que consta dos livros, de um ponto de vista biográfico, são apenas hipóteses. Não há provas muito concretas daquilo que foi a sua vida. Temos a prisão, quando se meteu numa rixa, ou quando foi deportado para a Índia. Temos também alguns dados ainda de Coimbra. Ao que parece tinha um parente ligado ao alto clérigo, atraves do qual Camões terá adquirido os conhecimentos que depois explicam a sua obra, como aquele conhecimento todo da mitologia antiga, e muito mais. 

Agora, os pormenos da sua vida… Onde viveu? Que amores teve? Até onde viajou? Temos alguns relatos, contudo não sabemos bem o que de facto aconteceu. Mas, é engraçado, não pense que as perguntas que eu faria seriam sobre a poesia, ou algo do género. Seriam perguntas mesmo concretas sobre a vida dele. Enquanto que a poesia existe. Nós temos acesso à obra. Está ali. A obra precisa de ser lida e, nesse aspeto, o fundamental é mesmo isso. Depois a bibliografia depende do tipo de estudo que se quer fazer, mas o importante é ler a obra, e não começar pelo exterior. Há um colega nosso, o Frederico Lourenço, que tem uma ideia do tipo de relação entre o Camões e D. António de Noronha, em que admite ter existido porventura alguma relação especial entre ambos. Ou seja, há uma série de aspetos da vida do escritor que são muito interessantes de descobrir.

Mas, quanto à época, não diria isso. O século XVI é penoso, mesmo. Nós hoje não percebemos o que é, por exemplo, viver sem casas-de-banho. Mesmo as casas-de-banho de casa dos meus avós e bisavós eram péssimas. E, ainda por cima, agora com o vírus… Portanto, o século XVI em termos de higiene era uma selvagaria. As pessoas gostam de romantizar o passado, mas mesmo as ruas de uma cidade como a de Lisboa encontravam-se repletas de sujidade. Lisboa, no tempo de Camões, devia ser uma cidade muito engraçada, muito multicultural, repleta de indivíduos de diferentes origens. Mas, de facto, a vida prática, não. 

Portanto, se voltarmos à ideia da máquina do tempo, e se tivesse de escolher a época, faria como o filme Regresso ao Futuro e voltaria a um Portugal de há trinta ou quarenta anos, quando os meus pais eram novos, o que com o conhecimento de hoje seria fantástico.

Somos um país de poetas?

Essa frase foi exagerada num certo sentido, e pode levar quase a uma caricatura de nós próprios. Hoje em dia, até podemos afirmar que temos grandes romancistas, e poetas, mas não falo do hoje. É sempre difícil sermos juízes perante a nossa própria época. Mas, olhando para trás, desde a altura da Idade Média e da criação da língua do galego-português, aquilo que em Portugal se distingue mais ao longo dos séculos talvez tenha sido a poesia. A frase acaba por ser um lugar-comum, mas a tradição não o desmente. De um ponto de vista da receção histórica, sim. Mas, sublinho, não falo da época atual, devido à dificuldade que temos em analisar o que está a acontecer.

Quem foram, ao longo da sua vida, as suas maiores influências literárias?

Eu diria que em termos de poesia há uma reunião de autores que têm mais a ver com a minha família. O que eu quero dizer com família tem dois sentidos: no sentido de certas preocupações existenciais, no fundo aquilo que a poesia persegue; o outro sentido está mais relacionado com técnica. A métrica… A rima… Desta família eu distinguiria autores como Ruy Belo… O próprio Camões, que ultimamente tenho visitado muito.

É engraçado porque, comparando Camões com Cesário Verde, por exemplo, de quem também gosto muito, este último é um poeta muito mais realista. Há poemas do Cesário Verde que requerem investigação, porque têm um teor de tal forma realista que chega a referir as raças dos cavalos, os mecklemburgueses, ou os modelos das carruagens. Enquanto que Camões fala do amor, do merecimento humano, da justiça… De qualquer coisa que vai ficando mais. Um pouco como o Antero. Eu sinto-me à vontade para dizer isto porque a minha poesia, em grande parte,  é também bastante circunstancial. Acho que há excelente poesia assim, ou seja, poesia baseada em pequenos acontecimentos, quase insignificantes, mas que no entanto tornam os poemas algo de magnífico. E estou a falar de poetas contemporâneos, como João Miguel Fernandes Jorge, que tem ótima poesia, ou Nuno Júdice.

Mas, voltando ao Cesário, a poesia dele é, de facto, muitas vezes circunstancial. Consegue uma agudeza de visão inexcedível. Em “O Sentimento dum Ocidental”, ele tem um  verso fabuloso que é “um parafuso cai nas lages, às escuras”. É impressionante imaginar o silêncio noturno de um bairro antigo de Lisboa, e aquele som do parafuso a cair na pedra da calçada. Na realidade, o som seria igual às escuras ou de dia, mas o “às escuras” dá-nos, por aquele efeito de sinestesia, a ideia de um ambiente noturno na cidade e de um silêncio enorme. No meio desse silêncio, o barulho de um parafuso será forte.

Portanto, o Cesário é fabuloso nesse aspeto. Mas é mais difícil de ler hoje, por exemplo, do que o Camões. Atenção, falo de Camões num primeiro grau. Noutro plano, já vemos que se refere a certas questões mitológicas, etc. Essas leituras são de segundo e de terceiro grau, para alguém mais erudito. Só que o leitor comum tem, muitas vezes, mais facilidade em ler Camões do que em ler certos poemas do Cesário, exatamente por causa daquelas referências concretas. 

Professor, mas lembro-me também, em Cesário, de ler “Se eu não morresse, nunca! E eternamente/ Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!”.

Exato. E isso é uma ambição muito própria, tanto do Cesário como de uma certa geração. Conseguir que a literatura nos dê a realidade. Também temos isso na prosa com a Geração de 70. Mas eu acho que ele (Cesário Verde), aí, quando fala de perfeição, não tem tanto a ver com uma perfeição mística, ou religiosa. É uma ideia de rigor. De buscar e conseguir, através das palavras, chegar ao que as coisa são. E isso nós sabemos ser impossível. Mas é bom ter desejos impossíveis. A realidade é uma coisa e as palavras são outras, enquanto entidades. Repare: Cesário Verde tenta atingir essa perfeição. O verso diz-nos “Se eu não morresse, nunca!”. Há uma frustração, um desejo. Mas nós sabemos que isso não é possível. Muitas vezes, na vida, somos animados por desejos que sabemos serem impossíveis. E, no entanto, sem esses desejos nunca poderíamos dar o primeiro passo.

Agora lembrei-me das pessoas ativistas que se sacrificam a uma causa, que se dedicam a algo maior do que a sua própria vida. Há uma capacidade de entrega, no ser humano, muitas vezes superior à sua própria condição. Admiro muito os jovens que vão para África animados desse propósito. Eles, no fundo, têm o desejo de resolver os problemas no continente, como a pobreza ou a fome, mesmo sabendo que não o conseguirão fazer. Se não tivessem algo mais forte que os mobilizasse, não iriam de todo. Aí, penso ser importante mantermos sempre um horizonte de desejos, chamemos-lhe assim, mesmo que no fundo saibamos ser irrealizável. Caso contrário, ficamos limitados à vida burocrática. Há pouco falávamos disso na entrevista, do tempo que se perde a preencher um documento que não interessa nada, e que só serve para informação ou controle informático. 

Os médicos queixam-se muito, hoje em dia, de metade das consultas que dão serem a clicar num computador. São praticamente teleconsultas. E o médico precisa de ver a pessoa. De a apalpar, de a cheirar. Num ecrã, torna-se uma troca de dados. No fundo, o que quis dizer é que precisamos de perseguir desejos impossíveis. É esse defeito que potencia a própria ação.

E que desejos persegue a poesia atual? Podemos falar nalgum “ismo”?

Eu não acredito existir um “ismo” na poesia atual. Há uma caraterística que já dura há decadas, desde os anos oitenta e noventa, que é a ideia de que esses “ismos” terão desaparecido. Mas esta ideia já traz, em si, alguma armadilha. Se desapareceram, para onde foram? Ou seja, eles não desapareceram totalmente. Há laivos de vários “ismos” em autores que continuam a escrever, e até em pessoas novas, mas não me parece haver um triunfante. Num certo sentido mais lato, considerando que os modernismos terão sido as últimas correntes, observamos uma espécie de caldeirão a que se chamou pós-modernismo. Uma sopa da pedra onde existem diversos ingredientes. O pós-modernismo é uma sopa da pedra. Mas digo isto com todo o respeito, porque eu pertenço a essa geração. 

Quando nós olhamos, hoje, para essas vanguardas, como o urinol do Duchamp, por exemplo, nós sentimos que essa rutura e essa vanguarda têm de ser feitas por outros meios. Portanto, dizer “pós-modernismo” não distingue os autores entre si. Não distingue, por exemplo, um Pedro Mexia de um Daniel Jonas. Mas quem fala nestes poetas fala em muitos outros que eu gosto de ler. Agora, dizer que há uma corrente estética e literária que os consiga distinguir, ou unir, neste momento é-me difícil de identificar.

As pessoas vivem mais desligadas da poesia, hoje em dia?

Sim e não. A resposta, em princípio, é sim. As pessoas, com todos os meios tecnológicos, têm mais dificuldade em encontrar tempo. O “não” tem a ver com isto: nas próprias redes sociais há diversas páginas, portuguesas e brasileiras, que submetem e partilham poemas. Ou seja, há circulação de poemas nas redes sociais.

A pergunta que faço é esta: será a própria poesia influenciada pelos meios em que se propaga? Por exemplo, parece-me que existirá uma tendência para escrever poemas mais curtos. Nas redes, um poema longo é sempre mais difícil de seguir. Por outro lado: citações, aforismos, poemas epigramáticos… Parecem mais apelativos. Se isso vai mudar a poesia? É provável. Os novos meios tecnológicos poderão ser o suporte em que a arte acontece. Mas essa é uma questão que deixo. Futuramente, os poetas já poderão vir a escrever em função do impacto que tem a plataforma que os suporta, e não em função daquilo que realmente podem querer escrever. A própria tecnologia poderá sofrer programações no sentido de produzir texto literário, como um programa que compõe texto segundo um determinado padrão de metáforas, ou adjetivos. Dá-se a eventualidade de já existir um programa assim nas grandes editoras, por exemplo. E, nesse sentido, acho que existe uma margem humana que é fundamental.

O Primo Levi tem um livro de contos chamado Histórias Naturais, e nesse livro há um conto, “O Versificador”, que fala de uma máquina grande onde se insere temas como o amor, ou a morte, e os temas saem consoante aquilo que se quer, e é uma máquina que os faz.  Mas, retomando agora o que dizia, aquela margem pessoal, humana e única de cada poema ou de cada autor não se pode perder. No momento em que isso acontecer, há todo um conceito de poesia que acaba. Toda uma fase da história literária que termina. Esta ideia é importante porque, no futuro, os robôs conseguirão fazer quase tudo. Agora, dificilmente conseguirão inovar tanto na área das Artes e das Humanidades, onde a atuação humana é evidentemente necessária. 

Nós não somos robôs. Aliás, várias vezes nos acontece, em páginas como a da nossa faculdade, termos de responder “eu não sou um robô”. Portanto, na realidade nós muitas vezes dialogamos com robôs. Só temos de perceber que há zonas da Humanidade em que não o podemos ser. E essa zona é a das artes.

Qual é a importância do poeta, e do poema, nestes tempos de pandemia?

Aí, acho que os poetas são também cidadãos, e pessoas. Ao sentirem que a pandemia existe, serão afetados por isso. Mesmo que não se apercebam, a sua produção literária vai sempre refletir o tempo em que se escreveu. E tanta coisa mudou nestes tempos… Por exemplo, a noção de distância, que é também um tema da poesia. A ideia de distância, hoje, tem potencialidades diferentes, porventura no teatro. Em tom de brincadeira, já imaginamos uma corrente que, daqui a uns tempos, vai teorizar sobre a época do “teatro da distância”.

Ou seja, fiz uma caricatura, claro, mas quis dizer com isto que a pandemia tornar-se-á fecunda para determinados artistas. Daqui a uns anos, poderá existir uma escritora que escreva sobre isto, mesmo que não aconteça agora. Mas sim, eu penso que vai ter consequências. A pandemia, sendo um fenómeno balizado no tempo, é de tal maneira forte que pode potenciar os temas grandes da poesia: o amor e a morte. E, quando digo morte, digo a passagem do tempo. Mas tempo é morte. A pandemia vem pôr em causa a própria noção que temos da mortalidade. De repente, damos por nós como que numa roleta russa, contraímos o vírus, o nossos sistema imunitário nao está pronto e “quinamos”. Desculpe o termo, mas é mesmo assim. E isto alerta-nos para a proximidade da morte. Tal sucedeu comigo. Há todo um balanço de perceber o que é a morte, e todas as questões adjacentes, que a literatura explora. 

As questões do amor podem ser colocadas de forma diferente: já imaginou um casal em que, com o medo do contágio, começam a desconfiar um do outro? “Tens o vírus?”; “gosto muito de ti, mas não te chegues”… Isto poria em causa toda a relação. O tema da morte, e do amor, são temas que se reconfiguram perante a pandemia. Assim como o medo. O medo, não apenas pelo vírus, mas também pelas consequências económicas, toca-nos a todos. Infelizmente, aquele poema do Alexandre O’Neill de “O medo vai ter tudo” retrata bastante bem esta nossa época. O nosso ano é o ano do medo. E depois todas estas tensões sociais: as questões do racismo, etc. Há questões duras, e difíceis, que vieram muito “ao de cima” este ano. Há um lado de dureza humana, até nas relações entre países, que são claramente prejudiciais. Mesmo observando a questão da Europa, de que eu sou muito a favor. Vivemos tempos difíceis.