Dois poemas (um deles em duas versões, uma francesa e outra portuguesa) de Clotilde Mota
Les Hirondelles / As Andorinhas
I
(versão original, em francês)
Elles sont proches. Elles sont toutes proches! Elles sont là!
Et comme sont toujours belles ces hirondelles!
Enveloppées dans leurs incomparables manteaux noirs
Garnissant, mais contrastant aussi
Avec le blanc immaculé de leurs petits bavoirs,
Elles rendent encore plus beaux
Les ciels bleus de nos horizons.
Et quand le moment de partir arrive,
Quand refroidit le temps,
Nos ciels, comme leurs nids dans nos murs, sont déjà réservés
Par les parents, infiniment dédiés à leurs enfants,
Pour l’année qui viendra
Ces hirondelles partent gentilles et heureuses
Amenant dans leurs bagages
Le temps de fin d’été
Nous invitant à les voir accomplir la tradition,
Elles attendront que la danse circulatoire de toute la famille se termine,
Partant ensuite patiemment, en laissant voir finalement
Le tout petit bavoir blanc
Signe de remerciement et de promesse
Qu’elles reviendront l’année prochaine,
Avec leurs rituels déjà familiers mais utiles
Et fières de leurs progénitures,
Les parents apporteront dans leurs becs de la nourriture
Comme prévoyant une année fertile.
II
(versão traduzida para português pela autora)
Elas estão próximo. Elas estão muito próximo! Elas Já chegaram!
E como são lindas estas andorinhas!
Envoltas nas suas incomparáveis mantas negras.
Que embelezam mas que também contrastam
Com o branco imaculado dos seus pequenos babetes,
Elas tornam ainda mais bonitos
Os céus azuis dos nossos horizontes.
E quando chega o momento da partida
Quando o tempo arrefece,
Os nossos céus, como os seus ninhos nas nossas paredes, ficam logo
[reservados
Pelos pais para o ano seguinte, pais extremamente preocupados com os
[seus filhotes
Estas andorinhas partem gentis e felizes
Levando nas suas bagagens
Um tempo de fim de verão
Convidando-nos a vê-las cumprir a tradição,
Elas aguardarão que a dança circulatória de toda a família chegue ao fim.
De seguida, elas partem tranquilas deixando ver finalmente
O pequenito véu branco.
Sinal de agradecimento e de promessa
Que elas voltarão no próximo ano
Com os seus rituais familiares, mas úteis
E orgulhosos dos seus descendentes,
Os pais transportam alimentos nos seus bicos
Em sinal de um ano bastante fértil.
19/05/2019
Andorinha do meu quintal
Andorinha do meu quintal,
Qual negra toutinegra,
Velejas alto em incessante correria
Num tempo, cada vez mais intemporal,
Mas em plena harmonia.
Andorinha do meu jardim
Circulas à minha volta
Ostentando a candura do teu avental
Em perfeita sintonia mas contrastando com o negro brutal
Das noites gélidas, perversas, glaciais do inverno desconfortante
A expensas de sacrifícios
Do teu sensível e delicado coração
Andorinha do meu país
Adivinhas, mais que pressentes,
As alterações climatéricas deste
Cantinho à beira mar plantado
E ainda Fevereiro não terminou
Tu chegas …
Sensível, alegre e despretensiosa, brilhando no infinito
Céu azul, celestial, etéreo
Para uma Primavera que ainda não se instalou.
Sábado, 23 de fevereiro de 2019