Era meio dia e o meu jardim ainda estava muito incompleto. Até ao momento, só tinha recebido umas calças rasgadas, alguns sacos com garrafas de plástico, umas lâmpadas e, por mais incrível que pareça, três garfos.
Os homens tinham vindo arrumar-me o jardim às cinco da manhã com aquele camião barulhento e desde então estava sozinho na berma da estrada a ver passar os carros e algumas pessoas.
Há alguns dias que esperava por uma flor mais bonita, mas até agora o elemento mais intrigante do meu jardim era apenas um conjunto de garfos.
Meio-dia e quarenta e abriram-me a tampa; mais um gato. Atropelado, com o olho de fora já sem cor, rijo e com o crânio coberto de sangue… começava a cheirar mal.
Fecharam-me a tampa e ouvi o choro de uma miúda, em conjunto com as palavras de consolo do resto da família.
Era tanta a quantidade de gatos e animais domésticos com os quais me encontrara no meu jardim…mas este era diferente. Vinha enrolado num saco do lixo, com um saquinho de comida e alguns brinquedos do companheiro.
Entretanto, eram já cinco da manhã outra vez (o nosso encontro mostrou-se breve) e os homens apareceram para me tornarem de novo num mero caixote do lixo.
Sybil Vachaudez