Leva-me o vento as palavras que debito como balas perdidas numa batalha de nadas
A guerra de frases amorosas e gestos carinhosos que ficam como espólios
As crianças que correm pelo campo de batalha, sozinhas, com fogo na língua
Escuta o ardor das labaredas que amam a madeira que lhes mata a fome
Parecem corpos de amantes perdidos na noite fria entre vales de seda
É uma guerra perdida, esta de sentimentos absurdos, de falsas verdades
Encostas-te à melancolia do tempo que se perde entre as frechas de luz e que invade o quarto vazio
Pernoitas nas lembranças do calor de alguém que partiu nas asas de uma gaivota
Ricardo Pereira